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segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Anjo negro

"todos os homens tem o seu rosto, seus filhos tem o seu rosto...um dia lembrei de um rosto diferente,era de cristo,você podia trazer um quadro de cristo para esse quarto...que foi tem medo que o cristo do retrato olhe pra mim?se fosse um cristo cego não teria problema,não é?mas não existe cristo cego"
goiana, 22/09/2012 final de tarde e eu já quase desistindo de tentar ir ver a peça,com apenas 2 horas antes do espetáculo eu consegui carona para chegar ao sesc do ferreira Pacheco com um bom tempo de antecedência,e valeu muito a pena. a peça era anjo negro de Nelson rodrigues interpretado pela companhia sala 3,um espetáculo que a meses deseja ir.ele começou depois de um pequeno atraso e já deu para se impressionar com oque eu via no palco,algumas figuras vestidas de pretas envolta de um pequeno caixão branco no centro,a esquerda um escada que dava para uma porta toda enfeitada e a direita o quarto que seria oque estaria atras dessa porta,um quarto vazio. esse cenário é a casa do médico Ismael,medico bem sucedido na vida,financeiramente pelo menos.Ismael tem vergonha de sua cor,um ódio reprimido por si mesmo e é casado com Virginia uma mulher linda porem não o ama,por ser negro.o momento que esta se passando é o enterro do terceiro filho de Ismael,o terceiro bebe que morrera afogado,filhos negros do colo de uma moça branca. posso dar enfase na cor da pele dos personagens tantas vezes pois o tema que Nelson rodrigues quis retratar foi o preconceito racial,e o preconceito extremo a ponto de haver um asco tão grande para com os personagens de cor(sejam para com o outro ou para com ele mesmo).nos sentimos incomodados com tanto racismo,como sempre sentimos,muito embora saibamos que o preconceito(e não falo só de ódio mas visões pre estabelecidas)esta presente no dia a dia e as vezes não percebemos.
Virginia vive infeliz,não pela morte suscetiva de seus filhos,mas por viver trancafiada em seu quarto,já que Ismael não suporta concorrência (tem medo de que o troque por um homem branco),mas virgina acaba seduzindo o irmão do medico, Elias,o cego(talvez o "cristo cego" que não teria problema vir para o quarto de Virginia já que ele não a olharia,como antes a mulher branca falara),cego por causa de Ismael e seu ódio ou inveja pela cor do irmão. cada cena tem uma explosão de sensualidade e violência, a luz do cenário bem soturno ajuda nessa composição,como também o trabalho de corpo que cada ator teve de fazer para manter o ritmo de um espetáculo com dois tempos distintos e com cenários dentro de cenários(o quarto de Virginia dentro da cassa de Ismael).canções tão sombrias quanto o palco e trama deram o complemento que não sei se teve em outras versões dessa peça quando o espetáculo acabou quase meia noite só conseguia pensar o quanto deve ter sido gratificante fazer uma peça assim.
parabenizo Renata (Virginia),Andreane(Elias) e Lohanny(Ana maria) a peça foi ótima e obrigado Gustavo pelas fotos

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